quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Maria fazia de conta que não ouvia quando ele lhe dizia que um dia as coisas mudariam de figura. Ela pensava sempre que ele lhe dizia aquilo da boca para fora. Um dia, estava a Maria a tomar chá com as amigas quando ele chegou com um ar solene e disse:
- Preciso de falar contigo. Se não te importas...
Ignorando as amigas de Maria que sairam surpreendidas com a sua rudeza nada habitual. Maria
Estava muda de espanto.
- Vou-me embora. Estou farto dos teus caprichos, das tuas manias das grandezas. Estou farto que ponhas e disponhas da nossa relação. Estou farto do rame-rame a que chegámos, de falarmos do tempo por não termos mais assunto. Que decidas tudo sem me perguntar. Estou farto.
Maria estava espantada com aquele discurso. Nunca o tinha ouvido falar daquela maneira.
- Mas tens alguém? O que é que mudou?
- Nada mudou, por isso mudo-me eu. Tive esperança que ao longo destes anos tu mudasses, mas não foste capaz. Como já não te consigo mudar, vou-me embora.
Saiu de casa deixando Maria num pranto como nunca a vira.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Fim

O fim é um novo início.
A perda em vida é a dor do fim.
Os momentos bons esquecem-se no instante em que a porta fecha, a mensagem chega, ou o telefone toca com um toque esquisito.
A memória quer apagar as nuvens negras mas a neblina insiste.
Vêm à memória canções tristes e livros com personagens decadentes.
Apetece chorar e ouvir os pássaros.
Apetece partir tudo.
Apetece odiar e amar ao mesmo tempo. Apetece o contrário de tudo isto.
Apetece o reencontro depois da zanga, mas não há retorno.
Amanhã é preciso dizer “Adeus tristeza”.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A mágoa que a ausência provoca tolhe os sentidos.
A saudade corrói.
As lembranças fazem sorrir e chorar.
Os olhos não mentem.
O telefone não toca.
Uma frase pode ser fatal.
Ainda assim, dar tudo em troca de nada.