sábado, 21 de maio de 2016

CHAMA QUE ANIMA!: OS NOSSOS CAMPEÕES

CHAMA QUE ANIMA!: OS NOSSOS CAMPEÕES: Júlio César Bicampeão - o Imperador das balizas! Até se lesionar foi um dos esteios da nossa equipa, contribuindo com a sua segurança e exp...



Excelente visão da equipa

segunda-feira, 7 de junho de 2010

...continua...

Sebastião tinha uma pequena livraria que abriu depois de o seu pai morrer. O pai de Sebastião era um homem culto. Tinha publicado alguns ensaios sobre literatura e ao longo dos anos tinha acumulado livros e mais livros e sonhara acabar os seus dias na sua casa da praia a lê-los, a imaginar e a escrever. Não teve tempo. Depois da morte súbita de seu pai, Sebastião quis dar um destino digno a tanta literatura. Resolveu concretizar um sonho antigo que nascera de uma conversa com o seu pai e os amigos artistas que costumavam frequentar a sua casa. Criar um espaço de tertúlia literária e artística como nos tempos da juventude do pai. Um espaço de convívio e de partilha onde também se venderiam livros. Sem hora de fechar, à mercê da vontade e da energia dos clientes e amigos.
A sua actividade como foto-jornalista não lhe permitia ter um rendimento fixo e muito folgado, por isso Sebastião resolveu aproveitar o ímpeto empreendedor de que raramente era acometido. Arranjou um pequeno espaço em Alfama e alugou-o. Decorou-o com fotografias suas, com quadros que o seu pai tinha pintado nos tempos livres e com outros objectos de viagens que fez em trabalho e abriu a livraria-café-bar.
Maria nunca concordou com esta ideia de Sebastião. Sempre lhe disse que o negócio não iria correr bem e que daria mais prejuízo do que lucro, que as pessoas já não se interessam pela conversa nem por livros. Começou a conjecturar cenários de decadência e bebedeiras e, pior do que tudo para ela, imaginou-os atolados em dívidas. Ainda assim Sebastião levou avante a sua vontade.

domingo, 6 de junho de 2010

...continua...


Maria chorou três dias seguidos, ou melhor, três noites que durante o dia tinha de ir trabalhar, que os empregos não se compadecem com tristezas. Depois de ter tido sentimentos contraditórios sobre o seu ex-namorado, amante, amigo, resolveu encerrar o assunto no seu coração. Nesses três dias tinha sentido por ele o que nunca sentira em dez anos de relacionamento. Recordou o dia em que se conheceram num mini-curso de jardinagem. Olhava para ele e via um rapaz tímido mas com um brilho que lhe chamara a atenção. Foi atraída pelos seus olhos verdes e tristes. Durante a semana que o curso durou começaram a ir ao cinema, a ver espectáculos juntos, a descobrir interesses comuns. No final do curso continuaram a sair frequentemente até que, depois de um concerto, a timidez dele desapareceu e ambos se envolveram num ardente beijo que terminou em casa de Maria. Recordou os momentos de aflição que passou após o acidente de carro que ele teve depois de uma brutal discussão, recordou a mania que ele tinha de pôr um CD a tocar e de ouvir a mesma música vezes sem conta, uma e outra vez até enjoar, recordou as noites de amor que passaram numa casa que ele tinha na praia, recordou as reconciliações depois das zangas, os momentos únicos de conversa com os seus amigos artistas. Sentiu amor, raiva, desejo, saudades, desprezo até que chegou a indiferença. Aí percebeu que era o momento certo para guardar numa gaveta todas as fotografias dele que tinha espalhadas pela casa. Resolveu esquecer de vez aquele amor intenso mas conflituoso.
Ligou às amigas e saiu...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Maria fazia de conta que não ouvia quando ele lhe dizia que um dia as coisas mudariam de figura. Ela pensava sempre que ele lhe dizia aquilo da boca para fora. Um dia, estava a Maria a tomar chá com as amigas quando ele chegou com um ar solene e disse:
- Preciso de falar contigo. Se não te importas...
Ignorando as amigas de Maria que sairam surpreendidas com a sua rudeza nada habitual. Maria
Estava muda de espanto.
- Vou-me embora. Estou farto dos teus caprichos, das tuas manias das grandezas. Estou farto que ponhas e disponhas da nossa relação. Estou farto do rame-rame a que chegámos, de falarmos do tempo por não termos mais assunto. Que decidas tudo sem me perguntar. Estou farto.
Maria estava espantada com aquele discurso. Nunca o tinha ouvido falar daquela maneira.
- Mas tens alguém? O que é que mudou?
- Nada mudou, por isso mudo-me eu. Tive esperança que ao longo destes anos tu mudasses, mas não foste capaz. Como já não te consigo mudar, vou-me embora.
Saiu de casa deixando Maria num pranto como nunca a vira.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Fim

O fim é um novo início.
A perda em vida é a dor do fim.
Os momentos bons esquecem-se no instante em que a porta fecha, a mensagem chega, ou o telefone toca com um toque esquisito.
A memória quer apagar as nuvens negras mas a neblina insiste.
Vêm à memória canções tristes e livros com personagens decadentes.
Apetece chorar e ouvir os pássaros.
Apetece partir tudo.
Apetece odiar e amar ao mesmo tempo. Apetece o contrário de tudo isto.
Apetece o reencontro depois da zanga, mas não há retorno.
Amanhã é preciso dizer “Adeus tristeza”.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A mágoa que a ausência provoca tolhe os sentidos.
A saudade corrói.
As lembranças fazem sorrir e chorar.
Os olhos não mentem.
O telefone não toca.
Uma frase pode ser fatal.
Ainda assim, dar tudo em troca de nada.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Que país é este?


Portugal não é um país que estime os seus artistas. Não os elogia. Não os apoia. Este é um país de modas, de preferência estrangeiras. É um país que gosta de homenagear os mortos depois de lhes ter feito a vida negra.

Os mandantes sempre se incomodaram com os artistas que não são amorfos e intervêm, com os que “partem a loiça” e agitam consciências. Mas há um público, que talvez ande distraído ou demasiado preocupado, que se interessa pelo que é bom. Que gosta dos seus artistas (gosto tanto desta palavra!) e que aparece de vez em quando, qual coelho saído da toca.

Ontem, na Fnac, Fernando Tordo apresentou três músicas do seu novo disco e teve o apoio do seu público, que esteve e estará sempre consigo. Um público que não é “arrivista”, um público que acompanha o seu trabalho, que aprecia a sua coerência, que lhe reconhece grande qualidade artística e, sem dúvida, qualidade humana – tão rara nos dias que correm. Fernando Tordo retribuiu com história, com cantigas, com dedicação ao público, com amizade.

Acordem! Amem os nossos artistas! Eles só nos fizeram bem. Fazem parte da nossa história, da nossa cultura. Não nos resta muito mais.