segunda-feira, 22 de março de 2010

Histórias e noites

Gosto da noite. Gosto dos bastidores. Gosto de artistas. Gosto de alguns artistas. Tive o privilégio de assistir a uma noite de gravações do novo disco de um grande artista, ou direi antes: artíficie, como um seu amigo francês lhe chamava. Porque este senhor faz obras únicas nas quais coloca o carinho, o engenho e a arte de um artíficie minuncioso. Falo de Fernando Tordo, que muitos conhecem por ter cantado êxitos como “Tourada”, “Cavalo à Solta”, “Estrela da Tarde”, só para citar alguns. Este senhor é muito mais do que isso. Para quem gosta do espectáculo e dos bastidores como eu, a noite que presenciei vai ficar na minha memória para sempre. Vai ficar naquele cantinho do coração que guarda os momentos inesquecíveis de tão especiais que são. Podia ser uma coisa simples, para alguns até talvez fosse uma “seca”. Para mim foi maravilhoso ouvir histórias deliciosas, ser contagiada pela boa disposição em estúdio. Conversar, simplesmente conversar com alguém que admiro por ser bom artista e por ser um homem frontal, sem “papas na língua” e com a coluna inquebrável.
Tenho saudades de um tempo que não vivi. Do tempo das boémias lisboetas em que os artistas se encontravam para conspirar contra o regime, para inventar, para criar – e para beber uns copos, claro está! – Aquela noite fez-me reportar a esse tempo, para mim, imaginário e que de certo modo gostaria de ter vivido. Fez-me acreditar que Portugal, este país que às vezes enlouquece e outras vezes acorda de um longo torpor, ainda tem pessoas genuínas e ao mesmo tempo conscientes. Pessoas inteligentes e generosas. Tem artistas que precisam de ser ouvidos, acarinhados, gostados, respeitados. Que fazem parte da história deste país. Acordem senhores!

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